Extração de gás de
folhelho do solo pode danificar e contaminar largas áreas. Ao mesmo tempo, há
vantagens econômicas, diminuição de emissões e geração de empregos.
A técnica de fracking ou fraturamento hidráulico é utilizada para realizar
perfurações a fim de extrair um determinado tipo de gás, o gás de folhelho,
também conhecido como gás de xisto (apesar dessa definição não ser correta) ou shale gas, do solo. O grande diferencial do método é que ele permite explorar
reservas de gás ou petróleo inalcançadas pelo método convencional. Todavia, os
impactos causados ao subsolo ainda são desconhecidos e, em alguns países da
Europa, o fracking é proibido, no Brasil também é.
Para entendermos quais são os riscos, é preciso
formular uma breve explicação: a principal razão para a preocupação dos
ambientalistas é que os poços de fraturamento hidráulico estão sujeitos a
vazamentos. Nesses locais, a água, produtos químicos e areia são bombeados em
alta pressão de forma vertical, para fraturar o xisto do subsolo. Em
outras palavras, o solo e os lençóis freáticos podem ser contaminados com
substâncias nocivas à saúde.
Muita polêmica cerca o uso da fratura hidráulica.
Recentemente, manifestantes de entidades ambientalistas se opuseram ao uso da
técnica para extrair gás em um vilarejo chamado Belcombe, na Inglaterra. O
fraturamento já havia sido proibido no país em 2011, após geólogos
associarem a técnica a tremores de terra em Blackpool, noroeste da Inglaterra.
Porém, o método foi retomado no segundo semestre de 2013 sob a alegação de que
o gás pode ser uma alternativa barata à energia elétrica - O Reino Unido
enfrenta problemas nesse aspecto.
A decisão do governo está rendendo muita discussão.
A BBC produziu um documentário sobre fracking, mostrando diversos
pontos de vista a partir de entrevistas com geólogos, políticos, moradores (que
alegaram que a qualidade da água foi prejudicada) e trabalhadores locais (que,
antes, sofriam com a falta de emprego e agora trabalham nos poços). Confira
abaixo o documentário intitulado Fracking - A Nova Corrida Energética:
(em inglês com legendas em português)
O futuro das perfurações
Grandes potências mundiais que atravessam uma crise
econômica, como os EUA, apostam muitas fichas na extração do gás de folhelho.
As indústrias norte-americanas já investiram mais de US$ 100 bilhões, criando
mais de um milhão de postos de trabalho.
Em entrevista,
o secretário de Energia dos EUA, Ernest Moniz, defende o método. "Seremos
exportadores e importadores ao mesmo tempo, mas o resultado líquido poderá ser
zero", disse. Moniz ainda ressalta que o país poderá alcançar a
independência energética em uma década.
O secretário falou a respeito dos impactos da
extração de gás na sociedade norte-americana como um todo. "O gás de
folhelho tem tido um impacto enorme na economia, no mix energético e no
desempenho ambiental dos Estados Unidos. Os preços do gás natural despencaram. Essa
queda de preços tem implicações enormes, como o de atingir metade da meta de
reduções de gases estufa (que é de 17% até 2020). Da redução obtida até
agora, cerca de 50% foi graças ao uso do gás de folhelho no setor
elétrico".
O exemplo dos EUA deve ser seguido por outros
países do mundo que enfrentam problemas econômicos e energéticos e podem usar a
extração de gás de folhelho do solo como uma forma de gerar empregos e obter
ganhos políticos. Mais uma vez, o mercado deve comandar a tendência energética
de grandes países, fazendo-os investir em tecnologias que impactam no meio
ambiente para criar soluções paliativas. Embora a produção do gás em larga
escala possa reduzir as emissões de gases estufa, os danos causados no solo
podem prejudicar milhares de pessoas.
Contudo, parece inevitável que a extração de gás
seja largamente difundida, pois os países (inclusive o Brasil) precisam se
manter competitivos e não poderão ficar para trás enquanto os EUA e o Reino
Unido enriquecem suas fontes energéticas. Com isso em mente, o governo
brasileiro vem fazendo testes com fracking desde 2012, nas bacias do Vale do Parnaíba (MG), Parecis (MT) e
Recôncavo (BA)
Nos próximos meses, o Brasil irá testar uma nova
técnica para aumentar em até seis vezes a quantidade de gás natural extraído em
três bacias localizadas nos estados de Minas Gerais e Bahia. O problema é que o
método é polêmico e controverso, podendo causar terremotos e contaminação dos
lençóis freáticos.
O fraturamento hidráulico ou fracking (em inglês) já foi proibido em alguns
países da Europa por conta da falta de conhecimento científico sobre os danos
ambientais que a técnica pode causar. O método consegue retirar o gás em até
1,5 mil metros de profundidade de um tipo de rocha chamado xisto.
A Agência
de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) se prontificou a
realizar mais estudos a respeito, pois há grande preocupação com o aumento da incidência
de terremotos e contaminação dos lençóis freáticos.
Pesquisadores da Duke University, na Pensilvânia,
publicaram, em 2011, um artigo na revista Proceedings
of the Nacional Academy of Sciences que alertava sobre
o aumento de metano na água potável em áreas próximas a regiões de fracking. Porém, não foi comprovada relação entre as duas
ações.
Outra preocupação é com os produtos químicos
utilizados no processo de perfuração do solo e abertura de fendas no subsolo.
Eles podem vir a contaminar fontes de água mais profundas e, caso isso ocorra,
é impossível promover a recuperação.
Brasil
Já no Brasil, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) afirma que o uso do fracking será bem monitorado
e nosso país não irá cometer os mesmos erros dos americanos. De início, a
técnica será testada em três bacias: Vale do Parnaíba (MG), Parecis (MT) e
Recôncavo (BA).
Espera-se que a quantidade de gás natural do país
aumente em até 208 trilhões de pés cúbicos (TCF). O número atual é de 32
milhões de TCF e, segundo a agência de energia norte-americana, caso o fracking dê certo, o Brasil pode atingir a 10ª
posição no ranking de maiores reservas.
Filme
Para entender melhor como se dá o procedimento de
extração do gás e quais são os problemas envolvidos na nova técnica, confira o
trailer do documentário Gasland, do diretor Josh
Fox: https://www.youtube.com/watch?v=dZe1AeH0Qz8
Fonte: http://www.ecycle.com.br
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