São Paulo - A saída da Petrobras de investimentos no setor
petroquímico, caso da Braskem,
está dentro de seu planejamento estratégico, mas o encaminhamento desse assunto
precisará passar ainda por uma discussão sobre o acordo de acionistas da
Braskem, disse nesta segunda-feira, 26, o presidente da Petrobras, Pedro
Parente, em coletiva de imprensa após apresentação do plano de negócios
realizada na tarde de hoje na Fiesp.
"Essa discussão precede a venda. Temos que
preservar o interesse da Petrobras", disse Parente. Segundo ele, como não
é possível saber quando essa discussão será concluída, não é possível dar um
prazo para a venda da Braskem.
O plano de negócios da Petrobras prevê arrecadar
US$ 19,5 bilhões com a venda de ativos e parcerias entre 2017 e 2018.
A companhia é um dos melhores ativos dentro do
programa de desinvestimento da Petrobras, que divide o controle da empresa ao
lado da Odebrecht.
A Petrobras possui 47% do capital votante da
Braskem, ao passo que a Odebrecht possui 50,1% das ações com direito a voto.
Até o momento, a Odebrech não teria interesse em se desfazer desse ativo e, conforme
fontes, esse tem sido um empecilho para a Petrobras efetuar esse
desinvestimento.
Investment grade
Parente disse que a meta da companhia é ter o
investment grade o mais rápido possível. De acordo com ele, uma alavancagem de
até 2,5x, como é a meta da estatal para 2018, permitiria que a companhia
recuperasse a nota. "Mas essa não é uma decisão nossa", disse.
Mais cedo, Parente havia comentado que a meta de
alavancagem foi antecipada em dois anos. De acordo com ele, a Petrobras não
pode mais continuar com o pagamento de juros diante de uma alavancagem fora do
considerado saudável.
"A alavancagem supera hoje as 5 vezes por
ações que não trazem resultados para a empresa e investimentos que se mostram
com custo acima dos projetos, incluindo a não geração de receitas",
acrescentou.
BNDES
Não há, neste momento, nenhuma nova demanda para
tomada de recursos pela Petrobras no Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), disse Parente. O executivo lembrou que o banco de
fomento é um dos principais credores da empresa.
O executivo destacou que a Petrobras está em
processo de desalavacagem e que, nesse sentido, é de se esperar que a exposição
da Petrobras na carteira do BNDES seja reduzida com o passar do tempo, mas
frisou que não ha nenhuma pressão nesse sentido.
Parente disse ainda que a Petrobras fará uma
apresentação de seu plano de negócios 2017-2021 no BNDES e que isso já foi
combinado com a presidente da instituição, Maria Silvia Bastos Marques
Térmicas
Parente disse ainda que quer discutir com o governo
o modelo de remuneração das térmicas. Ele lembrou que as usinas da estatal são
importantes para dar segurança ao sistema elétrico e foram despachadas por
bastante tempo durante o momento de escassez de água, mas, agora que esse
momento passou, as usinas não estão sendo despachadas e portanto não geram
receita.
"Precisamos lidar com esse assunto com as
autoridades do governo, para ver como é possível encaminhar essa discussão de
tal sorte que empresas com um parque de geração que é muito importante do ponto
de vista de segurança de suprimento continuem se sentido estimuladas a manter
esse parque", disse.
Ainda no setor elétrico, Parente foi questionado
sobre a possibilidade de venda de usinas eólicas que estão no portfólio da
estatal, mas foi evasivo: "Vamos nos concentrar nos primeiros anos na área
de óleo e gás."
Fonte: Adriano Machado / Reuters
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