terça-feira, 20 de setembro de 2016

Dia "D" da Petrobras: por que o plano de negócios pode destravar alta de até 45% na ação

O conselho de administração da Petrobras avaliará hoje seu novo plano de negócios, que tem como objetivo acelerar o processo de redução de seu endividamento.


SÃO PAULO - O conselho de administração da Petrobras (PETR3PETR4) avaliará nesta segunda-feira (19) seu novo plano de negócios - o primeiro na gestão de Pedro Parente, indicado ao cargo em junho pelo presidente Michel Temer. O anúncio será feito ao mercado na terça-feira às 10h (horário de Brasília). 
Com objetivo de acelerar o processo de redução de seu endividamento, a estatal deve ampliar seus esforços para reduzir o mais rápido possível o seu elevado endividamento por meio de venda ativos e corte de custos nos próximos cinco anos. 
"Acreditamos que o plano refletirá o pragmatismo da nova alta administração da Petrobras e incluirá mudanças positivas importantes, que sustentarão nossa aposta bastante evidente de que o processo crucial de desalavancagem da Petrobras será acelerado", destacou, em relatório, o analista Gustavo Allevato, do Santander.
O que a Petrobras pode trazer de novo?
-Desinvestimentos
Segundo Allevato, embora tenha a expectativa de que a Petrobras possa reiterar a meta de desinvestimento de 2016 de US$15,1 bilhões, ele acredita que a empresa possa atualizar a meta para 2017 a 19 para um patamar mais realista de cerca de US$ 30 bilhões (ou US$ 10 bilhões ao ano) contra o objetivo anterior de US$ 42 bilhões entre 2017 e 2018.
Segundo ele, as metas de desinvestimento da empresa permanecem entre as variáveis mais importantes a serem monitoradas, citando entre os benefícios para a empresa: redução imediata na dívida líquida; economias a partir do recuo nas despesas financeiras; e melhorias no perfil da dívida da empresa, que, por sua vez, devem ajudar a Petrobras na extensão de parte de sua dívida que vence no curto prazo.
Como parte do plano de venda de ativos lançado em 2015, a estatal já concluiu três operações, somando US$ 4,6 bilhões. A lista de vendas fechadas inclui negócios na Argentina e no Chile, 49% de suas subsidiárias de participações em distribuidoras de gás canalizado e a área de Carcará, na região do pré-sal. A empresa deve anunciar também em breve a venda de sua rede de gasodutos da região Sudeste, por US$ 5,2 bilhões. As negociações com um consórcio liderado pela canadense Brookfield já foram concluídas e dependem apenas de aval do conselho.
Para Allevato, a aquisição recente da "mudança de paradigma" aumentou a confiança na execução da empresa no que se refere a seu plano de desinvestimento. "A nosso ver, a venda recente realizada pela Petrobras de US$2,5 bilhões de seu bloco Carcará (BM-S-8, o primeiro bloco do pré-sal vendido pela Petrobras) foi uma mudança de paradigma que aumentou nossa convicção sobre a capacidade da empresa de cumprir seu plano de desinvestimento ambicioso", comentou.
-Investimentos

A Petrobras revisou duas vezes seu plano de investimentos de 2015 a 2019 desde sua publicação inicial em junho de 2015. Enquanto o plano original indicava R$ 130 bilhões em investimentos, esse número foi reduzido em US$ 10 bilhões, para US$120 bilhões em outubro de 2015 e, em janeiro de 2016, foi mais uma vez diminuído, para US$ 98 bilhões.
Para seu plano estratégico de 2017 a 2021, o Santander acredita que a Petrobras possa reduzir seus investimentos em cinco anos para aproximadamente US$ 60 a 70 bilhões ou US$ 12 a 14 bilhões por ano, trazendo os investimentos cada vez mais próximos aos níveis de manutenção que eram de US$ 11 bilhões a 12 bilhões ao ano. 
Allevato espera uma baixa significativa em investimentos comparados a planos anteriores e acredita que, nos próximos dois anos, os investimentos possam ser ainda menores que a média para todo o período.
Ele acredita que a Petrobras irá priorizar novamente seus investimentos no segmento de exploração e produção, que conta com retorno superior (em comparação a midstream e downstream), uma estratégia que considera correta. 
O que isso significa na prática?
O reflexo disso, na prática, pode ser um aumento adicional no preço-alvo do papel, que poderia passar de R$ 20,00 para R$ 21,70 - ou alta de 45% frente ao fechamento da última sexta-feira -, usando a mediana das projeções feitas pela banco. Nesse cenário, o banco adota que a empresa irá anunciar desinvestimentos na ordem de R$ 9 bilhões, em média, por ano entre 2017 e 2019 e investimentos de US$ 13 bilhões no mesmo período. 
No teste de sensibilidade do Santander, no entanto, o papel poderia atingir no cenário mais otimista os R$ 23,30 - ou alta de 56% -, caso o plano de negócios trouxesse investimentos na casa dos US$ 13 bilhões entre 2017 e 2021 e desinvestimentos de US$ 13 bilhões. O banco não traz projeções para as ações preferenciais da empresa. Já no pior cenário, com investimentos em US$ 9 bilhões e desinvestimentos em US$ 5 bilhões, o preço-alvo da ação cairia para os R$ 19,40.
Em relatório, o analista destaque que a Petrobras é atualmente a principal recomendação do Santander no Brasil, citando que o anúncio do plano estratégico será o catalisador mais importante para a empresa no curto prazo. 
Para o analista, o plano estratégico da estatal deve trazer atualizações importantes para algumas variáveis-chave da empresa, em particular no que diz respeito aos investimentos e desinvestimentos. No relatório, Allevato cita a Petrobras como a "principal recomendação do banco no Brasil". 
O banco espera que revisões importantes sejam anunciadas, com o foco dominante ainda na desalavancagem e na melhoria da liquidez da empresa. A estimativa é que o índice de dívida líquida/Ebitda da empresa - que era de 5,3 vezes ao final de 2015 - irá baixar lentamente nos próximos anos, atingindo 2,8 vezes em 2019, projeta o Santander. "Embora ainda acima da meta da empresa de 2,5 vezes, isso representaria um processo significativo de redução da alavancagem", reforçou Allevato.


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