O presidente Pedro Parente e a diretoria da Petrobras apresentaram, nesta quarta-feira (21/9), o Plano Estratégico e o Plano de Negócios e Gestão 2017-2021, na sede da Federação de Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). A companhia planeja investir US$ 74,1 bilhões no período. O destaque da apresentação para os empresários foi o programa de busca de parcerias que a empresa pretende implementar em todas as suas áreas nos próximos anos.
Parente lembrou que a busca de parcerias e, também, os desinvestimentos, a adequação do efetivo e a otimização do portfólio são tendências mundiais da indústria de petróleo e gás que impactam todas as grandes companhias do setor diante do novo cenário de preços mais baixos. “Nenhuma indústria pode deixar de reagir a uma situação em que o preço do seu produto cai para menos da metade numa velocidade tão rápida”, avaliou.
O diretor de Estratégia, Organização e Sistema de Gestão, Nelson Silva, também falou sobre as vantagens de fazer parcerias: através delas, são esperados investimentos adicionais de US$ 40 bilhões nos próximos dez anos. “São investimentos que deixam de ser feitos pela Petrobras e passam a ser feitos por parceiros”, disse, destacando que, entre as vantagens, estão também o compartilhamento de riscos, o aumento da capacidade de investimento na cadeia produtiva, o intercâmbio tecnológico e o fortalecimento da governança corporativa.
O diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Petrobras, Ivan Monteiro, elogiou as atuais parcerias na área de Exploração e Produção e afirmou que a busca por parceiros passará a ser uma política na Petrobras, estendida a todas as áreas. “É uma declaração de humildade por parte da companhia reconhecer que não sabemos tudo, que precisamos de colaboração. Esse é o espírito dessa diretoria. Vamos fazer e executar os projetos juntos e vamos obter os melhores resultados possíveis para toda a sociedade”. O diretor disse, ainda, que o objetivo é trazer para a companhia parceiros que contribuam com melhoria de governança, tecnologia, redução de riscos e aceleração na execução de projetos. “Não adianta nada ter petróleo no fundo do mar. Produzir, refinar, gerar empregos e impostos é o objetivo da empresa”.
Metas - Parente destacou que dois balizadores guiam o plano com igual importância: a redução de acidentes e da taxa de endividamento. A métrica utilizada na Petrobras é a Taxa de Acidentados Registráveis (TAR). O objetivo é diminuir, em 36%, esse índice: dos 2,2 acidentes por milhão de homens-hora registrados em 2015 para 1,4 em dois anos e para 1 em 2021. Já a meta financeira estabelece que a dívida líquida da empresa seja equivalente a 2,5 vezes a sua geração de caixa em 2018 em vez de 5,3 vezes, total que corresponde ao registrado em 2015. Pedro Parente classificou como “dramática” a atual dívida da companhia e revelou que os altos juros que a Petrobras está pagando em captações foi um dos motivadores para propor que essa meta de redução da alavancagem seja alcançada em dois anos e não em quatro, como estava contemplado no plano anterior.
O diretor de Assuntos Corporativos, Hugo Repsold, revelou que a companhia criou o Programa de Compromisso com a Vida, com foco na segurança de processos e na disciplina operacional. Uma das características do programa é atuar, também, na “dimensão comportamental”, a fim de reduzir acidentes. “A métrica (de redução) está apoiada em um programa que tem como objetivo apontar novos métodos, novas técnicas mas, principalmente, dar uma abrangência muito maior aos conceitos e às nossas ações em relação à segurança”, declarou.
A gestão de pessoas, de acordo com Hugo, será promovida mediante valores como meritocracia e foco em resultados. O diretor chamou a atenção, ainda, para a responsabilidade social nos projetos e para o processo de contratação de fornecedores na companhia. “Vamos fazer processos transparentes e claros que possam dar oportunidades a todos com o melhor resultado possível para a Petrobras”, disse.
O foco em rentabilidade e geração de caixa também foi destacado pela diretora de Exploração e Produção, Solange Guedes. Ela ressaltou que a ideia é manter a meta de produção com menos investimentos e focar, a curto prazo, em projetos com maior potencial de geração de caixa. Guedes lembrou que a alta produtividade do pré-sal e o aprendizado da companhia estão permitindo à empresa alcançar as capacidades máximas das plataformas no pré-sal com menos poços do que o previsto inicialmente, gerando grande economia de recursos. Além disso, o tempo para a construção e a interligação de poços também está caindo graças à experiência adquirida pela companhia: no campo de Lula, no pré-sal da Bacia de Santos, a redução chegou a 60%.
A diretora disse que a previsibilidade é um dos balizadores da companhia e reafirmou que não vai haver mudanças nas metas de produção: “A produção atual no Brasil continuará acima de 2 milhões de barris (por dia) e chegará a 2,77 milhões (diários) ao fim do período do plano, em 2021”.
Na área de Refino e Gás Natural, o diretor Jorge Celestino esclareceu que não foram incluídos novos projetos: “Estamos focados na manutenção da capacidade do parque de refino no Brasil”, disse, ressaltando que a busca por parcerias em refino e logística também será prioridade. Ele também afirmou que a Petrobras pretende encerrar as atividades de produção de biocombustíveis, distribuição de GLP (gás de cozinha), fertilizantes e petroquímica.
O diretor de Desenvolvimento da Produção e Tecnologia, Roberto Moro, explicou que a estratégia tecnológica da companhia passa a ter foco na redução de custos de produção por intermédio de melhorias na construção de poços e sistemas submarinos, bem como por meio de projetos alinhados a um cenário de transição para uma economia de baixos índices de carbono. “Nesse cenário, cresce a relevância do desenvolvimento de combustíveis que tenham menor emissão (de poluentes) e maior eficiência energética”, disse, ressaltando, também, a prioridade de desenvolver tecnologias para captura de CO2.
O presidente Pedro Parente terminou a apresentação falando sobre a importância das ações de Governança, Risco e Conformidade e destacou dois direcionadores do plano nessa área: “fortalecer os controles internos e a governança, assegurando a transparência e a eficácia do sistema de prevenção e combate a desvios, sem prejuízo da agilidade da tomada de decisão” e “resgatar a credibilidade, fortalecendo a reputação da Petrobras junto a todos os seus públicos de interesse”.
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