terça-feira, 19 de abril de 2016
Distribuidoras aproveitam alta do álcool para vender mais GNV
Abastecer com gás natural, segundo empresas do setor, está em média três vezes mais barato do que com etanol ou gasolina.
No momento em que os preços do etanol e da gasolina disparam, as distribuidoras de gás natural tentam convencer o consumidor a trocar de combustível. As três maiores empresas do setor no País - Comgás, CEG e Gasmig -, responsáveis pelo abastecimento de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, revelam ao iG como estão aproveitando o período de entressafra da cana de açucar para ampliar as vendas de Gás Natural Veicular (GNV).
Petrobras deixa gás barato para estimular consumo
Na região metropolitana de São Paulo, abastecer com GNV está em média três vezes mais barato do que com gasolina e etanol. Segundo a Comgás, o motorista gasta cerca de R$ 10 para percorrer 100 km quando usa o GNV. Com etanol e gasolina, o gasto sobe para cerca de R$ 29, segundo o gerente-executivo de GNV da empresa, Richard Jardin.
A vantagem do gás natural sobre os demais combustíveis começou a crescer em novembro do ano passado, quando a distribuidora paulista reduziu em 25% o preço do produto, repassando integralmente uma diminuição de valores dada pela Petrobras para as distribuidoras. O preço mais baixo resultou num aumento de 14% das vendas da empresa no primeiro trimestre deste ano.
CEG e Comgás lançam promoção
Para aquecer ainda mais o mercado, a Comgás prepara uma campanha promocional de GNV, revela ao iG o executivo da empresa. A Comgás aguarda outros agentes do mercado para lançar a campanha, de preferência antes que o preço do etanol e da gasolina recuem por causa da volta da safra de cana de açúcar. Mas o executivo afirma que, mesmo após uma queda de preços, esses combustíveis não ficarão mais competitivos do que o GNV.
"Nós entendemos que o preço do álcool não vai despencar e o GNV continuará bem mais competitivo mesmo após a volta da safra", afirma o executivo. A expectativa é que o preço do álcool recue em maio, mas alguns analistas dizem que isso já deveria ter acontecido em meados de abril, com a entrada em operação de algumas usinas.
A CEG e suas subsidiárias, responsáveis pelo abastecimento de gás no estado do Rio de Janeiro e o sul do estado de São Paulo, lançaram campanha publicitária aproveitando a desvantagem da concorrência. "Assim que o preço do álcool disparou, lançamos uma campanha de oportunidade. Temos previsão de realizar outra no final deste ano, época em que muitos fazem conversão para o GNV para garantir o desconto de 75% no IPVA do ano seguinte", informa a empresa, por meio de sua assessoria de imprensa.
O Rio é o maior consumidor de GNV do País. Motoristas localizados na área de atuação da CEG consumiram no ano passado cerca de 3 milhões de metros cúbicos por dia. Em São Paulo, a média aumentou de 680 mil metros cúbicos por dia em janeiro para 800 mil metros cúbicos por dia em março. "Dos produtos disponíveis no mercado, o GNV é o mais econômico, possui um rendimento muito superior que o álcool e a gasolina e é menos poluente, pois sua queima é completa", ressalta a empresa.
Gasmig estuda fornecer gás grátis
Já a Gasmig, responsável pelo mercado de Minas Gerais, estuda até mesmo distribuir GNV gratuitamente para quem converter o motor para este combustível. A promoção ainda não foi aprovada pela diretoria da empresa, mas tem sido cogitada como melhor alternativa para fazer deslanchar o produto.
Segundo a assessoria de imprensa, a Gasmig está buscando "o que for possível para estimular o produto, dentro das margens". Além do desconto, a empresa está ampliando a rede de postos e tem tentado atrair o governo estadual para a formação de parcerias.
Com o período de entressafra, os preços do álcool hidratado subiram em média 30% no País desde o começo do ano. No mesmo período, o álcool anidro, que é misturado à gasolina, já encareceu 115% desde janeiro, provocando alta também nos valores da gasolina.
A instabilidade do etanol abre hoje caminho para o GNV, mas no passado os consumidores também amargaram momentos de turbulência na oferta de gás natural que derrubaram as vendas de GNV em todo o País. O nível de consumo do produto ainda é 40% menor do que no auge da demanda, em 2007.
Recuperação
Obrigada pelo governo a dar prioridade às térmicas no abastecimento de gás, a Petrobras passou a desestimular o consumo do produto por outros segmentos, inclusive o GNV. Hoje, o País consome cerca de 5,3 milhões de metros cúbicos de GNV por dia.
"Temos informações de que a venda de cilindros para a conversão de motores para GNV está muito aquecida e as expectativas são de recuperação", afirma R. Fernandes, presidente da Associação latino-Americana de GNV. O Brasil possui cerca de 1,7 milhão de veículos movidos a gás natural.
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