quarta-feira, 13 de abril de 2016
Indicação de Lazard para Sete Brasil gera novo conflito
A Petrobras quer contratar a empresa de consultoria financeira Lazard para intermediar uma negociação com a Sete Brasil, segundo apurou o Valor. Os acionistas da Sete são contrários à proposta. Avaliam que já não houve consenso sobre a indicação de outros assessores financeiros que a Petrobras queria apontar (Rotschild e Brasil Plural). Os sócios da Sete estão satisfeitos com a assessoria da Alvarez & Marsal, que foi contratada recentemente pela empresa. E entendem que, para ocorrer uma mediação, é preciso existir uma proposta sobre a mesa, o que até agora a estatal não apresentou.
A oferta de mediação feita pela Petrobras colocou como condição precedente que os sócios da Sete Brasil desistissem de ações judiciais contra a estatal. Até agora dois acionistas (EIG e Luce) entraram com ações contra a Petrobras.
A estatal também pediu garantias que outras ações não seriam impetradas, segundo fontes. Todos os sócios da Sete Brasil, com exceção da Petros, o fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, passaram a apoiar decisão em favor da recuperação judicial da petroleira na sexta-feira. Até então, Previ, o fundo de pensão dos empregados do Banco do Brasil, Bradesco e Santander eram contrários à recuperação, além da Petros. Na sexta, as três instituições mudaram de posição, deixando a Petros isolada.
Em nota, na sexta, a Petros disse que continua a acreditar em um acordo entre Petrobras e Sete Brasil. Sozinha, a Petros tem poder de vetar a aprovação da recuperação judicial pois tem 18% do FIP Sondas, o veículo que controla a Sete Brasil. Para aprovar a recuperação judicial, é preciso garantir quórum de 85% dos votos favoráveis dos acionistas à medida. Procurada, a Petrobras não se pronunciou. Criada para gerir um portfólio de sondas de perfuração para a Petrobras, a Sete Brasil está virtualmente paralisada e não paga os estaleiros contratados desde o fim de 2014.
Os sócios da Sete Brasil aportaram R$ 8,3 bilhões na empresa, que contratou financiamentos bancários de US$ 4,5 bilhões (cerca de R$ 17 bilhões). O maior credor é o Banco do Brasil, que concedeu à Sete financiamento de US$ 1,25 bilhão (R$ 4,75 bilhões). A Sete e os próprios acionistas da companhia parecem não saber como fazer para tirar a empresa do imobilismo. Existe tendência de que outros sócios da companhia entrem com ações judiciais contra a Petrobras.
Os sócios passaram a apoiar a ideia da recuperação judicial por uma questão fiduciária, segundo fontes, pois temem ser responsabilizados pelos seus próprios acionistas de não tomarem medidas em defesa de seus interesses. Existe a possibilidade que vários acionista da Sete venha a impetrar ação judicial conjunta contra a Petrobras no Brasil e no exterior. Vários dos sócios examinam ações judiciais contra a Petrobras. O projeto da Sete Brasil entrou em dificuldades depois que ex-executivos da companhia foram envolvidos nas denúncias de corrupção investigadas pela Operação Lava-Jato.
Fonte: Valor Econômico/Cláudia Schüffner e Francisco Góes | Do Rio
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