Apesar dos esforços da
equipe econômica, as taxas de desemprego continuam a subir de forma
descontrolada, tendo atingido, no ano passado,12,3%, o que corresponde a mais
de 12 milhões de pessoas, 70% mais do que o verificado em 2014.
Estudos realizados pela FIRJAN mostraram que mais de 40% dos
postos de trabalho criados entre 2008 e 2015 simplesmente desapareceram. Até
surgem novas oportunidades, mas o grande gargalo está na qualificação dos
candidatos.
Para combater os efeitos da crise, caracterizada por uma
venenosa persistência ao longo do tempo e uma tendência a se tornar
irrecuperável, o empreendedorismo vem sendo usado como um mecanismo capaz de
ampliar a oferta de empregos e renda. Para tanto, novas políticas fiscais vêm
sendo adotadas, com o intuito de facilitar a instalação de novos negócios.
A palavra empreendedorismo derivou de entrepreneur,
introduzida na economia francesa no início do século XVIII, por Richard
Cantillon, que a definiu como a capacidade de alguém assumir riscos, para obter
recursos e iniciar um novo negócio.
Ela foi muito disseminada por Schumpeter, a partir da década de
40, quando lançou a sua “destruição criadora”, que descreve o processo de
inovação, quando novos produtos e processos destroem as empresas e modelos de
negócios que não são capazes de se renovar.
Na verdade, a formação empreendedora é uma das chaves para o
sucesso na vida profissional.
John Milton-Smith definiu, com muita propriedade, que
empreendedorismo é, num sentido mais amplo, "uma descrição de
comportamentos, competências e atributos que se relacionam estreitamente com a
inovação e situações que envolvem altos níveis de incerteza, competitividade e
complexidade”.
Nunca é demais recordar que a prática empreendedora é
caracterizada pela exploração, com sucesso, de novas oportunidades, que levam a
tecnologias, processos e produtos inovadores.
As competências técnicas, comportamentais e estratégicas,
inerentes ao perfil dos empreendedores devem ser parte da formação, na medida
em que é indispensável, por exemplo, preparar para as relações interpessoais,
estimular a proatividade, a capacidade de lidar com o novo e a liderança.
Elas devem estar centradas num conjunto de atividades dentro e
fora das salas de aula, em projetos integradores que permeiem várias
disciplinas e permitam a geração de uma cultura para o empreendedorismo.
No Brasil, empreender ainda é uma missão muito difícil, em
decorrência dos obstáculos burocráticos, dos elevados impostos, dos mais altos
do mundo, das enormes dificuldades verificadas na logística e na
infraestrutura, que geram o famoso custo Brasil, da ausência de conhecimentos
no processo de gestão dos negócios e, também, da falta de apoio à pesquisa e à
inovação.
Entretanto, a cada dia surgem novos empreendedores que muitas
vezes são derrubados pelos baixos índices de qualificação e pela inexistência,
tanto no ensino médio como na educação superior, de cursos ou disciplinas que
os capacitem verdadeiramente para um mercado difícil e competitivo.
Estamos atualmente em vias de construir uma nova estrutura para
o ensino médio, que permitirá maior flexibilidade nas escolhas dos alunos. É um
excelente momento para que as escolas orientem a formação dos seus estudantes,
estimulando o surgimento das competências e habilidades relacionadas com o empreendedorismo.
É claro que tal medida não nos isenta de assegurar a qualidade e a “boa
aprendizagem” na oferta das disciplinas que compõem o ensino médio.
Ambientes favoráveis ao empreendedorismo e a geração de uma
cultura empreendedora nas escolas são parâmetros determinantes para o sucesso.
Se não conseguirmos assegurá-los, o aumento dos índices de desemprego passará a
ser uma notícia corriqueira.
fonte: O Globo
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