Uma das razões da
criação deste blog foi dar voz a centenas de famílias do V Distrito de São João
da Barra que estavam sendo violentamente expulsas de suas pequenas propriedades
em função da promulgação dos Decretos 42.675 e 42.676 (ambos do dia 28 de
outubro de 2010), que desapropriaram terras pertencentes a pequenos
agricultores no município de São João da Barra, para a construção do Distrito
Industrial de São João da Barra (DISJB).
Ao longo dos
últimos 6 anos dediquei muita atenção aqui no blog e em minhas atividades de
pesquisa na Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) sobre as
desapropriações determinadas pelo (des) governo Cabral supostamente para a
criação do DISJB que jamais saiu do papel. Aliás, nesse período de quase 6
anos, os únicos que saíram de algum lugar foram os agricultores, muitas vezes
sobre pesada repressão policial e judicial.
Os estudos que fiz
em torno deste caso estão sintetizados no artigo intitulado “When the State Becomes the Land
Grabber: Violence and Dispossession in the Name of ‘Development’ in Brazil ”
(ou em português “Quando o Estado se torna grileiro de terras: violência
e despossessão em nome do desenvolvimento”, e que foi publicado no Journal of
Latin American Geography em 2013 (Aqui!).
Mas sempre achei
que havia algo “fishy” (que cheirava mal) nessas desapropriações, visto que o
estoque de terras expropriado e entregue para Eike Batista claramente excedia o
que estava acontecendo dentro da retroárea do Porto do Açu.
Eis que agora com a
determinação da prisão de Eike Batista como parte das apurações sendo
realizadas no ramo fluminense da chamada “Operação Lava Jato”, estamos sendo
informados pela mídia corporativa que no mesmo período da decretação das
desapropriações em São João da Barra, Eike Batista estava pagando propinas a
Sérgio Cabral, além de lhe oferecer várias outras benesses (Aqui! e Aqui!).
Passado todo esse
tempo em que a imensa maioria das famílias desapropriadas pela Companhia de
Desenvolvimento Industrial (CODIN), vemos emergir lentamente evidências
materiais de que todo esse processo foi viciado e se tratou de uma grande ação
entre dois amigos poderosos e dispostos a ganhar muito, mas muito dinheiro, nem
que centenas de famílias pobres e trabalhadoras tivessem que ficar sem as terras
que lhes davam sustento.
Agora que as
tratativas e os intercâmbios monetários que ocorreram entre o ex (des)
governador Sérgio Cabral e o ex-bilionário Eike Batista, me parece uma
obrigação da sociedade civil organizada fluminense cobrar a imediata anulação
dos Decretos 42.675 e 42.676, e o imediato retorno das terras expropriadas
aos seus legítimos donos.
Nem mais, nem menos!
fonte: Marcos Pedlowski https://blogdopedlowski.com/2017/01/26/porto-do-acu-desapropriacoes-foram-uma-acao-de-amigos-entre-eike-batista-e-sergio-cabral/
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