Segundo
depoimento em colaboração premiada de Alexandre Margotto, Flávio Turquino se
recusou a participar do esquema e pediu exoneração de cargo no Ministério da
Agricultura.
O nome
do veterinário Flávio Turquino apareceu nos depoimentos de colaboração premiada
da Operação Lava Jato neste final de semana, mas ao contrário dos demais
envolvidos no caso, foi citado por ter se recusado a fazer parte do esquema.
Ele foi mencionado nos depoimentos de Alexandre Margotto, que era ligado a
Lúcio Bolonha Funaro – apontado como operador financeiro do ex-deputado federal
Eduardo Cunha (PMDB). O conteúdo foi exibido com exclusividade pelo Fantástico deste domingo (19).
Flávio Turquino foi
indicado para o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa)
do Ministério da Agricultura em agosto de 2013. À frente do Dipoa, Turquino
teria como atribuição dirigir toda equipe de Fiscais Federais Agropecuários que
desempenham suas funções em frigoríficos, indústrias de laticínios, entrepostos
de pescados, ovos e mel.
A indicação teve o aval de Funaro e do ex-deputado Eduardo Cunha
e tinha como objetivo atender a um pedido do empresário Joesley Batista –
presidente da J&F, que controla o frigorífico JBS –, que queria ter uma
pessoa de confiança indicada ao cargo, que seria estratégico para seus
negócios.
A nomeação, porém,
enfrentou resistência dos fiscais federais. Isso porque o veterinário havia
sido gerente de exportação da Agrícola Jandelle S.A. (Big Frango) e ter
passagem por outras empresas como a Cargill – empresas estas fiscalizadas pelo
Ministério da Agricultura.
No dia 7 de outubro de 2013, a exoneração, a pedido de Turquino, foi publicada no Diário Oficial da União (DOU). Na época, o então ministro Antônio Andrade (PMDB-MG) justificou a saída afirmando que Turquino recebeu convite mais compensador economicamente de uma empresa privada.
A delação de Margotto, porém, conta uma história diferente. Segundo o delator, Turquino não aceitou as condições do esquema e pediu demissão. “Alguma operação que eu não sei te dizer, o Flávio ficou absurdado. Falou ‘não vou fazer’. ‘Tenho uma família, não preciso de dinheiro, eu prezo por fazer as coisas certas. Não quero estragar o nome da minha família’”, disse Margotto, na delação premiada.
A delação de Margotto foi homologada pelo juiz federal Vallisney Oliveira, da Justiça Federal de Brasília. Nos depoimentos, o delator deu mais detalhes de como funcionava o esquema de corrupção montado dentro da Caixa Econômica Federal.
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/quem-e-flavio-turquino-o-primeiro-honesto-delatado-na-lava-jato-5l2fnhf7hg87k1w37tyls1f7q
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