Em entrevista à rádio CBN, no início do mês, o navegador chamou
petroleira de "criminosa" e "empresa do atraso". Em
resposta, executivo classifica comentários como "agressividade" e
"descortesia"
O navegador brasileiro Amyr Klink criticou
duramente a Petrobras durante uma entrevista à Rádio CBN, no início do mês, e
por isso recebeu como resposta uma contundente carta do presidente da estatal, Pedro Parente, rebatendo os comentários, os quais
classificaram como “agressividade gratuita e descortesia”.
No dia 5 de
dezembro, Klink discorria, em entrevista à emissora, sobre o conteúdo de seu
recente livro, Não há tempo a perder, quando passou a falar da crise brasileira. Na sequência, enveredou no
tema corrupção, até chegar à Petrobras, sobre a qual emitiu comentários por
1min05s. “A Petrobras é uma empresa criminosa, que protagoniza a corrupção no
país, desvios que resultam na falência de um país. Ela não pode passar
incólume. O pipoqueiro faz uma empresa melhor com essa quantidade de dinheiro.
Com esse dinheiro, você constrói a excelência. Ela não é a empresa de
excelência, é a empresa do atraso, tem de se reinventar e renascer.”
Oito dias depois, Parente enviou a
Klink uma carta de duas páginas rebatendo os comentários. “Escrevo para
lamentar a imensa desinformação sobre a Petrobras, sua história e até mesmo
sobre a natureza das investigações da Operação Lava Jato”, inicia o texto. "Apenas a
falta de informações e o profundo desconhecimento das investigações ora em
curso podem explicar a agressividade gratuita e a profunda descortesia com que
você se refere à Petrobras e aos milhares de trabalhadores honestos que constroem
a maior empresa desse país", diz Parente. O presidente da Petrobras afirma
que, mesmo sem conhecimento das investigações, as declarações não se
justificam: “Nenhum desses fatos, porém, justifica uma figura pública de
sua magnitude e sua responsabilidade tratar a Petrobras e os fatos de forma tão
distorcida".
Parente cita um trecho de discurso do
procurador da República Deltan Dallagnol, da Lava Jato, segundo o qual “o
número de corruptos na Petrobras identificados pela Lava Jato é um punhado de
gotas comparado com o oceano”. O presidente ressalta que a empresa foi
reconhecida como “vítima de um esquema criminoso” até pelo ministro do Supremo
Tribunal Federal Teori Zavascki.
A carta diz, também, que a empresa
tem se esforçado para ajustar seus controles internos, de forma que atos de
corrupção não passem mais batidos. E pede que Klink “possa repensar o que disse
sobre a Petrobras”.
Procurado por ÉPOCA para comentar o
incidente, Klink disse lamentar “ter incomodado”. “Nunca quis ofender, e sinto
pelo fato de uma empresa desse tamanho ter passado por isso. Tenho o direito de
dar minha opinião e exercer minha ignorância”, disse.
Klink diz que a atual gestão é
polêmica, mas que a apoia “plenamente”. “As medidas atualmente em curso vão
funcionar, mas serão extremamente doloridas. Recuperar a empresa é difícil,
reconstruir uma imagem abalada por escândalo é um trabalho é hercúleo.”
Lembra que já trabalhou para a estatal por meio de patrocínios. “Já levei
a bandeira da Petrobras por todas as latitudes e longitudes do planeta. Torço
para o sucesso da atual gestão, mas não precisamos de discursos. Precisamos de
fatos e tempo.”
O navegador disse que também está
preparando uma carta a ser endereçada a Parente, na qual, diz, vai “agradecer a
resposta, lamentar a contundência e desejar boa sorte”. Procurados,
Petrobras e seu presidente não comentaram o episódio.
SAMANTHA LIMA
20/12/2016 - 20h11
- Atualizado 20/12/2016 20h45
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