Os dados
geológicos mais recentes sobre o prospecto gigante de Libra, no pré-sal de
Santos, jogam novo ânimo em relação ao potencial da camada, que, após a euforia
do pós-descoberta, passara por um período de reavaliação. O próprio prospecto
de Libra já teve, em 2010, potencial máximo estimado em até 15 bilhões de
barris, depois reduzido a um terço deste volume.
Agora,
diante de estudos mais concretos, a área, a 183 quilômetros da costa do Rio,
pode ter de 8 bilhões a 12 bilhões, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis (ANP). No mercado, estima-se que apenas o bônus de
assinatura, pago pelas empresas à União para ter direito à concessão, custará
alguns bilhões de reais.
Para se ter
uma ideia, os 142 blocos arrematados na 11ª rodada de licitações, na semana
passada, somaram, juntos, R$ 2,8 bilhões em bônus. O volume total estimado na
área ("in situ") está entre 26 bilhões a 42 bilhões de barris, mas
apenas cerca de 30% do que está debaixo da terra costumam ser recuperáveis, em
média. A estimativa da ANP varia de acordo com o resultado do poço, e leva em
conta o resultado dos piores e melhores poços da região, considerada o filé
mignon do pré-sal.
A agência
perfurou um poço em Libra. São necessários vários para se provar uma reserva,
já que há variação de porosidade das rochas, de extensão do reservatório e de
profundidade. Nunca uma área foi ofertada com a ANP de posse de tantos dados
geológicos, o que reduz o risco exploratório das empresas e aumenta significativamente
o valor a ser pago pela concessão da área. O lance mínimo será divulgado pela
ANP em edital em meados de junho. A agência também fará exigências em relação
ao número de poços que precisarão ser perfurados.
Muitos dos
lances em leilões são feitos com base em sísmicas simples, ou análise de poços
em campos vizinhos. Além do poço de Libra, a sísmica 3D recém-analisada pela
ANP aumentou a coluna (profundidade) do reservatório com óleo para 326 metros.
Apenas o campo de Franco, da área da cessão onerosa, também já havia sido
perfurado previamente pela agência, uma medida incentivada pelo governo para
aumentar o conhecimento sobre o pré-sal. Um único poço em águas profundas
costuma custar US$ 100 milhões. Libra fica 1.964 metros abaixo da superfície.
Foi por
causa da decisão do governo de conhecer melhor a área e elaborar um regime
específico para o pré-sal (partilha) que fez o Brasil ficar cinco anos sem
leilão de áreas. O leilão de outubro será singular, pois terá uma só área e
lances únicos. Diante do tamanho de Libra e da necessidade de investimentos
bilionários, espera-se que diferentes empresas se associem em consórcios para
fazer os lances.
A presidente
da Petrobras, Graça Foster, afirmou nesta quinta-feira que a taxa de sucesso da
estatal na exploração no pré-sal tem sido de 84%, porcentual muito acima da
média da indústria mundial. Graça participou de evento na Federação das
Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), mas saiu sem dar outras
declarações.
Agência Estado - Sabrina Valle (Colaborou Mônica Ciarelli)
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