Petrobras
atua no desenvolvimento de fornecedores locais também para o setor naval
IPATINGA – O município foi um dos escolhidos pela Petrobras
para desenvolver um polo industrial de fornecedores do segmento de petróleo e
gás. A Petrobras definiu cinco projetos piloto de Arranjos Produtivos Locais
(APL) ligados ao setor. A empresa trabalha com o governo para desenvolver, a
partir de 2013, fornecedores dentro dos APL’s no entorno de grandes
empreendimentos da companhia, como refinarias e polos de construção naval
inshore e offshore (exploração de petróleo em terra firme e no mar,
respectivamente). Além de Ipatinga, Rio Grande (RS), Itaboraí (RJ), Maragogipe
(BA) e Ipojuca (PE) estão na lista.
Diversas reuniões, seminários e participações em
feiras ocorreram ao longo dos anos anteriores para que o Vale do Aço alcançasse
espaço entre os fornecedores do setor. A escolha representa uma conquista para
cidade e região, conforme explica o presidente do Sindicato Intermunicipal das
Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Ipatinga
(Sindimiva), Jeferson Bachour Coelho.
“Foi uma vitória do setor metalomecânico, onde a
Petrobras reconheceu que aqui é um polo importante e que já trabalha na
construção naval, sendo escolhido como uma das cinco regiões - a única que não
é litorânea -, para desenvolver um polo industrial de petróleo e gás. A
Petrobras vai qualificar fornecedores, mostrar o que ela necessita, como por
exemplo, para a prospecção do pré-sal, e vai desenvolver os fornecedores para
que possam produzir”, declarou.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES) vai participar dos financiamentos dos diferentes APL’s. Ipatinga
encontra-se em fase intermediária no processo por possuir boa base
metalomecânica instalada. Como a região ainda não tem sua cultura voltada para
petróleo e gás, mas para a mineração e siderurgia, e há poucos anos na parte de
construção naval, Jeferson considera um reconhecimento de que as empresas que
estão do Vale do Aço têm condições de atender o polo industrial do setor.
“É uma vitória porque a economia do Brasil se
dirige para essa parte do pré-sal. Minas Gerais estava fora e não tinha nada
voltado pra isso, agora temos essa parte de construção naval e estamos trazendo
o polo industrial de petróleo e gás aqui para a região. No Sindimiva são mais
de 100 empresas associadas, com conhecimento na área metalomecânica e que
fornecem inclusive para a Petrobras, direta e indiretamente”, disse.
União
Para que o projeto obtenha sucesso, o presidente do Sindimiva destaca a
importância da união entre os poderes públicos, entidades e empresários, para
que o polo industrial se torne realidade. “Para tal, convocamos uma reunião
para o próximo dia 18 com entidades como Sindimiva, Sebrae, Fiemg, Agência de
Desenvolvimento Integrado (ADI), Prefeitura, Secretaria de Estado de Fazenda,
Agência da Região Metropolitana do Vale do Aço (ARMVA), para que façamos em
conjunto esse planejamento. É um trabalho em médio prazo, mas estamos
trabalhando outras ações, como por exemplo a parceria com empresas da Noruega,
país com alta tecnologia na área de petróleo, interessadas em firmar acordos
com as empresas locais”, detalhou.
No fim de janeiro um grupo de empresários da
Noruega deve vir ao Brasil conhecer Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas
Gerais, no caso, Ipatinga. “Estive também no consulado da Noruega na semana
passada e eles têm interesse em fazer negócios com Minas Gerais e acredito que
temos que fazer essa aproximação. Lá eles já sabem como trabalhar essa parte de
petróleo e gás, o que seria muito interessante para nós. Vamos propor um acordo
entre cidades, onde Ipatinga e uma cidade da Noruega poderiam trocar
experiências e conhecimentos”, relatou.
Visando espaço no setor naval,
empresários participaram de feiras no Rio de Janeiro, Pernambuco e eventos no
Rio Grande do Sul. Na imagem, visita ao estaleiro mantido pela Marinha, no RJ (Foto: Alex Ferreira)
Mão de obra qualificada na pauta das empresas
Um dos pontos mais importantes no projeto, a mão de
obra, também será estudada. Para tal, o Unileste foi convidado para ajudar no
quesito formação. “Além disso, teremos um Senai remodelado que vai ser o
terceiro maior do Brasil e teremos mão de obra qualificada. Volto a frisar que
será muito importante que os poderes públicos ajudem a trabalhar para que dê
certo. Inclusive convidamos a prefeitura e a comissão da prefeita eleita para a
reunião. Existe uma expectativa muito grande, as empresas que estão na área de
petróleo e gás estão contratando e aumentando seu efetivo. Quando entrar essa
parte de petróleo haverá muito mais possibilidade de emprego. Teremos que
trazer cursos especializados na área de petróleo e por isso convidamos o
Unileste para participar. Tem tudo para dar certo, só falta trabalhar a parte
de logística, o que fica a cargo do poder publico”, observou.
Ano
Difícil
O presidente do Sindimiva, Jeferson Bachour Coelho,
comemora a notícia neste fim de ano, um período que não foi bom, conforme o empresário.
“Sabemos que a indústria patinou e a economia não ajudou, a siderurgia, nossos
maiores clientes, esteve em baixa, mas agora com essa noticia temos um alento
para um ano melhor. Tenho certeza que o setor metalomecânico pode ser uma saída
para o momento ruim da siderurgia, a vocação da região é aço, metalomecânico, e
parece que as pessoas não enxergam dessa forma e nunca fizeram um trabalho como
esse de captar um polo industrial como o de petróleo e gás. Agora está
acontecendo, mas uma andorinha sozinha não faz verão”, avaliou.
Carga
Tributária
Sobre a carga tributária, motivo de reclamação das
empresas e a necessidade da adoção de um regime tributário diferenciado, para
assegurar a competitividade das empresas do setor metalomecânico, Jeferson explica
que uma conversa com o governador Antonio Anastasia garantiu a isenção do ICMS
das empresas que fabricam para o setor naval. “Agora chamamos a Secretaria de
Estado de Fazenda para participar dessa reunião. Precisamos da equiparação dos
nossos impostos com o dos outros estados concorrentes. Já nos deram garantia de
que isso será feito”, enfatizou.
Segundo o industrial, mesmo com a vinda do polo de
petróleo e gás para Ipatinga é preciso evitar que toda a indústria do segmento
corra para o mesmo lado, pois sempre haverá empresas que vão atender siderurgia
e mineração.
Repórter : Bruna Lage (Diário do Aço – Ipatinga 15/12/2012)