A Petrobras teve lucro liquido de R$ 370 milhões no 2º
trimestre de 2016, informou a estatal nesta quinta-feira (11). É o primeiro
balanço com lucro após três trimestres seguidos de prejuízo. Em relação ao
mesmo período de 2015, o lucro foi 30,3% menor, quando a estatal teve resultado
positivo de R$ 531 milhões.
Segundo a companhia, o resultado foi determinado por uma
redução de 30% nas despesas financeiras líquidas; pelo crescimento de 7% na
produção total de petróleo e gás natural; pelo incremento da receita, com
aumento de 14% nas exportações de petróleo e derivados e redução de custos com
importações de gás natural; por despesas com o novo programa de demissões
voluntárias (PIDV); e pelo impairment (ajuste) de ativos do Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
Nos primeiros seis meses do ano, a Petrobras segue
acumulando prejuízo, de R$ 876 milhões. Os números são resultado,
principalmente, da redução do lucro operacional, do aumento das despesas
financeiras líquidas, além do efeito cambial sobre o endividamento em dólar das
entidades estruturadas, com reflexo na linha de acionistas não controladores.
Endividamento
Em relação ao final de 2015, o endividamento bruto da
Petrobras teve queda de 19%, enquanto o líquido caiu 15%. Ao final de junho, o
endividamento total da companhia era de R$ 397 bilhões, ante R$ 493 bilhões no
final do ano passado.
Segundo a estatal, o recuo aconteceu principalmente por
conta da valorização do real em relação ao dólar no período, de 17,8%.
Preços dos combustíveis
Sobre os preços dos combustíveis, o diretor de Refino e Gás
da Petrobras, Jorge Celestino, afirmou que a estatal "monitora os
fundamentos do mercado" para definir possíveis alterações.
"Isso é uma prática que a gente tem mantido, o que a
gente tem olhado sempre é a garantia que nossos preços são competitivos, a
garantia de market share (participação de mercado).” E na medida em que for
necessário fazer alguma mexida em preços, a gente vai tomar essa decisão.
Celestino afirmou que há uma volatilidade muito grande de
preços, e que alguns fatores que se esperavam que influenciassem os preços
internacionais não se concretizaram, como o inverno extremo nos Estados Unidos.
“Então a gente permanentemente monitora os fundamentos de
mercado, e olha market share versus fundamentos competitivos. E a hora que
precisar tomar essa decisão a gente vai tomar", afirmou.
Desligamentos voluntários
Segundo a Petrobras, cerca de 4 mil funcionários aderiram,
até o final de junho, ao Plano de Incentivo ao Desligamento Voluntário (PIDV)
da companhia, lançado em abril. No segundo trimestre, o plano gerou um custo,
para a estatal, de R$ 1,2 bilhão.
De acordo com o diretor de Recursos Humanos, Hugo Repsold, o
prazo para adesão vai até o final de agosto, e a estatal projeta chegar a entre
6 mil e 7 mil adesões de empregados. "Vamos esperar o comportamento até o
fim do mês", afirmou.
Produção
No comunicado, a estatal informa que a produção total de
petróleo e gás natural foi de 2.804 mil barris de óleo equivalente por dia
(boed), um aumento de 7% em comparação com os três meses anteriores.
A produção de derivados no Brasil, no entanto, recuou 2%,
totalizando 1.919 mil barris por dia (bpd), enquanto as vendas no mercado
doméstico atingiram 2.109 mil bpd, um aumento de 3%.
“Majoritariamente a produção cresceu no Brasil. Tivemos um
bom segundo trimestre. Muito desse crescimento tem tanto uma contribuição do
pré-sal quanto da bacia de campos, mas tivemos 11 poços marítimos conectados
nesse período”, afirmou Solange Guedes, diretora de Exploração e Produção da
estatal.
Falando sobre investimento, Solange afirmou que a meta
"está mantida. Temos eventos importantes no segundo semestre para
acontecer".
Exportações
Segundo Celestino, o saldo da balança de petróleo no segundo
trimestre, exportação menos importação, já subiu para 219 mil barris/dia.
"É uma marca bastante relevante", disse.
"Na balança de derivados, em que pese o mercado hoje
mais baixo, você tem contribuição de terceiros, isso está levando com que a
gente consiga gerenciar bem a gestão dos produtos que têm maior valor agregado.
Com isso a balança tem se constituído num valor bastante relevante.
Praticamente a gente está autossuficiente”, afirmou. “A balança consolidada de
derivados, a gente vem consistentemente reduzindo o nível de importação de
derivados”.
Nova gestão
Em junho, Pedro Parente assumiu o comando da Petrobras,
ainda abalada pelas descobertas das investigações da Lava Jato, altamente
endividada, com investimentos em queda e com um prejuízo acumulado de R$ 41,9
bilhões nos 3 últimos trimestres.
Parente foi indicado pelo presidente em exercício Michel
Temer para substituir Aldemir Bendine, que renunciou à presidência e ao
Conselho de Administração da estatal. Ele ocupava o posto desde fevereiro do
ano passado, quando foi nomeado pelo governo da presidente afastada Dilma
Rousseff.
Entre os principais desafios do novo presidente estão
reduzir o endividamento da petroleira, comandar o plano de desinvestimentos
(venda de ativos) da empresa, definir qual será a política de preços de
combustíveis em meio à queda dos preços internacionais do petróleo e fazer a
companhia voltar a operar no azul.
Cortes e vendas de ativos
Para enfrentar a escalada da dívida, a estatal reduziu os
investimentos e anunciou um plano de venda de ativos. No início de maio, a
Petrobras anunciou que concluía negociação para a venda de filiais que mantinha
na Argentina e no Chile, em transação que deve levantar cerca de US$ 1,4 bilhão
para o caixa da petroleira. Os valores, no entanto, não entraram no balanço do
segundo trimestre, e devem ser refletidos nos próximos períodos, segundo
informou nesta quinta-feira a diretoria da estatal.
A duas operações fazem parte do programa de desinvestimentos
da Petrobras, que prevê vendas de ativos de mais de US$ 14 bilhões em 2016.
Recentemente, a empresa anunciou ainda uma reestruturação
administrativa, com corte de 43% do número de funções gerenciais em áreas não
operacionais e redução do número de diretores e integrantes remunerados do
Conselho de Administração. Com essas medidas, a companhia espera reduzir custos
de até R$ 1,8 bilhão por ano.
Ações no ano
Os papéis da Petrobras subiram forte nos últimos meses em
meio as expectativa de mudança de governo, após terem acumulado um tombo de
mais de 30% em 2015.
No ano, as ações preferenciais (com prioridade na
distribuição de dividendos) da estatal acumulam alta de mais de 80,5% até o
fechamento desta quinta-feira (10).
Perdas com corrupção
A Petrobras está no centro das investigações da Operação
Lava Jato, da Polícia Federal. Em abril de 2014, a companhia calculou em R$
6,194 bilhões as perdas por corrupção.
A estatal enfrenta uma série de processos nos exterior em
razão de perdas bilionárias decorrentes das investigações sobre suborno e
propina envolvendo a companhia. Em fevereiro, um juiz dos Estados Unidos abriu
caminho para que investidores processem a Petrobras em grupo. As ações estão
suspensas até que seja julgado um recurso da estatal contra a decisão.
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