domingo, 2 de maio de 2010

Vazamento pode continuar por alguns meses

Por Redação
Fonte: Valor Econômico
Data: 30/04/2010 16:44


O grupo BP e outras companhias petrolíferas estão mobilizando todos os recursos contra o derramamento de petróleo na costa da Louisiana, pois o Golfo do México é uma região crucial para o setor e para produção americana.
Está sendo usada uma nova geração de tecnologias desenvolvidas para enfrentar esses acidentes, surgida do significativo avanço desde a catástrofe do petroleiro Exxon Valdez no Alasca, em 1989, o maior derramamento de petróleo em águas americanas.
Os governo americano - ciente de que o acidente, que vem comandando o noticiários há dias, está se tornando uma questão política - somou ontem todo seu potencial ao esforço de limpeza.
Mas, apesar dos esforços, o vazamento ameaça criar um sério dano ambiental na costa da Louisiana e em outros Estados do sul dos EUA.
A estimativa da vazão de petróleo para o oceano, segundo cálculos da US National Oceanic and Atmospheric Administration, sugere que em menos de dois meses o volume de petróleo derramado pode ser tão grande quanto o do acidente com o Exxon Valdez.
A BP avalia que a perfuração de um poço de alívio - a maneira mais eficaz para deter o fluxo de vazamento mediante alívio da pressão no reservatório e desviando o óleo - levará até três meses.
Por ora, está sendo mobilizada toda a tecnologia disponível para conter a mancha na superfície.
Geoffrey Maitland, professor de engenharia energética no Imperial College, de Londres, disse que as tecnologias para conter vazamentos evoluíram muito nos últimos dez anos. "Podemos fazer boias de contenção muito maiores e mais eficazes, usando materiais aperfeiçoados", disse.
"A tecnologia química utilizada para emulsificar as manchas de petróleo também são melhores, e temos produtos químicos capazes de aglutinar e encapsular o petróleo, o que facilita bastante seu posterior recolhimento e é menos prejudicial ao meio ambiente."
Outros químicos são usados para deixar o petróleo menos viscoso, de modo que não grude na praia e às penas das aves marinhas. No entanto, mesmo com a melhor tecnologia, os recursos são finitos.
A BP disse ontem que cerca de 24 quilômetros de boias de contenção foram colocados no oceano, e há mais 96 km disponíveis e mais a caminho da área. Mas é impossível proteger toda a extensão da costa passível de ser afetada.
Até ontem, 288 mil litros de dispersante tinham sido utilizados, com mais 337 mil litros disponíveis - o que sugere que as quantidades serão insuficientes se o problema continuar a crescer durante as próximas semanas. A BP diz que um terço do estoque mundial de dispersantes está disponível na área do golfo e pediu aos fabricantes que aumentem a produção.
Alguns especialistas de ambiente acham improvável que a queima da mancha de petróleo, que a BP vem tentando, seja plenamente eficaz na prevenção da poluição.
"Se a mancha puder ser queimada, o fogo removerá os componentes mais leves, mas os mais pesados do petróleo poderão ainda constituir um problema", disse Walter Chapman, professor de engenharia química e biomolecular da Universidade Rice, em Houston, Texas.
Martin Preston, especialista sênior em poluição marinha na Universidade de Liverpool, concorda. A queima "pode deixar um resíduo muito persistente que pode ser mais resistentes à degradação natural e também impossível de ser tratado de outras maneiras".
O eventual impacto ambiental pode variar bastante, dependendo de fatores como clima e marés. O acidente com o Exxon Valdez teve um impacto enorme, mas foi só o 30º maior vazamento de petróleo. O volume bem maior liberado pelo Iraque no Golfo Pérsico durante a guerra de 1991 - o pior derramamento da história- causou poucos danos no longo prazo.
"Um derramamento pequeno no lugar errado e na hora errada pode ter um impacto enorme", disse Alf Melbye, do instituto norueguês Sintef.

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