31/05/10
O diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, anunciou na última segunda-feira, dia 24, a duplicação do projeto do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em construção em Itaboraí, no Estado do Rio. A companhia decidiu construir, em vez de uma, duas refinarias – cada uma com capacidade para processar 165 mil barris de petróleo pesado. E, em vez de só produzir as matérias-primas para o setor petroquímico, vai produzir diesel e QAV (Querosene de aviação).
O executivo informou ainda que a primeira refinaria entrará em operação em fins de 2013, um ano mais tarde em relação ao prazo anterior do projeto. Essa primeira unidade vai fornecer os combustíveis. Somente em fins de 2015 é que começarão a ser produzidas as matérias-primas petroquímicas. Já a segunda refinaria entrará em operação a partir de fins de 2017. Como no projeto original, as duas unidades serão 100% da Petrobras e a estatal busca sócios privados para as unidades de segunda geração.
De acordo com o professor e especialista da área de petróleo da Fundação Instituto de Administração (FIA), Weber Amaral, a duplicação do projeto terá um impacto muito significativo no crescimento da indústria petroquímica nacional, não só no ponto de vista de crescimento orgânico desses negócios, mas também na diversificação de possíveis produtos e uma estruturação mais organizada da cadeia. “Não só as empresas já estabelecidas e que estão precisando aumentar a sua base industrial irão se beneficiar, mas também outras empresas que estão na região. Além da implementação de novas tecnologias que entrarão no Comperj por conta da expansão de outras potencialidades de derivados de petróleo” – afirmou o especialista em entrevista ao Nicomex Notícias.
Novo estudo de impacto ambiental
Por conta da ampliação do Comperj, a Petrobras será obrigada a realizar um novo estudo e Relatório de impacto Ambiental (EIA-Rima) do projeto. A avaliação foi feita por Rogério Rocco, analista ambiental do Instituto Chico Mendes Biodiversidade (ICMBio), órgão do governo federal, conforme publicado pelo jornal O Globo na última terça-feira, dia 25. O especialista destacou que é preciso analisar os novos impactos, por exemplo, nos manguezais existentes na Baía de Guanabara. O órgão responsável pelo licenciamento do Comperj é o Instituto Estadual do Ambiente (Inea).
O professor Weber Amaral alertou, em entrevista ao NN, como é importante a avaliação dos efeitos ambientais naquela região, já que não basta ter um aspecto econômico positivo se o impacto ambiental não for adequadamente planejado. Para ele, o estado do Rio de Janeiro deve aplicar critérios de governança sobre o programa de investimentos na área petroquímica do estado. “Todo esse plano estratégico para o crescimento da base de petróleo no estado tem que ser repensado de forma mais integrada. Afinal, a ampliação do Comperj está associada ao aumento do volume de petróleo proveniente da exploração do pré-sal” – disse o especialista que ressaltou também que questões ambientais não podem ser colocadas em segundo plano numa agenda de desenvolvimento econômico.
Por Beatriz Silva
beatriz.s@nicomexnoticias.com.br
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