Companhia confirma
saída de três dos sete diretores. Mudanças foram definidas após presidente da
estatal consultar Dilma
BRASÍLIA — A
Petrobras confirmou na quinta-feira a saída de três dos sete diretores do
quadro: Paulo Roberto Costa, de Abastecimento; Renato Duque, de Engenharia; e
José Zelada, da área Internacional. Eles se despediram do comando da empresa na
reunião da diretoria pela manhã.
A saída de Duque e
Zelada ocorreu a pedido de ambos. Mas Costa, indicado pelo PP, saiu por decisão
da presidente Graça Foster. Seu afastamento pegou o partido de surpresa e
provocou a ira da legenda, que está “em revolução”, segundo políticos ligados
ao PP.
Mudanças foram
definidas após consulta a Dilma
Com as mudanças, da
gestão de José Sergio Gabrielli resta apenas o diretor financeiro, Almir
Barbassa. Segundo parlamentares com trânsito na empresa, a nova presidente da
Petrobras — à frente da estatal desde fevereiro — já pretendia fazer as
substituições logo que assumiu. As mudanças de agora foram definidas por Graça
depois de pelo menos dois encontros em Brasília, inclusive com a presidente
Dilma Rousseff.
O problema, na visão
do PP, não estaria na demissão de Paulo Roberto Costa propriamente dita, mas no
fato de o partido ter tomado conhecimento da decisão pelos jornais. Se o seu
desligamento não era esperado pela legenda, dentro do governo Costa já era
considerado a “bola da vez” há algum tempo, porque estaria “muito soltinho”.
— O setor político
indica e a administração demite. (O governo) não precisa dar satisfação ou
explicar os seus motivos. Mas tem que fazer com educação. Saber pelos jornais é
muito ruim — disse uma fonte ligada ao partido.
A dança das cadeiras
da maior empresa do país e terceira maior companhia de energia do mundo também
causou alvoroço na cúpula do PMDB, que pretende ampliar seu espaço na estatal,
aproveitando esse momento em que o partido considera ter o governo nas mãos,
sobretudo depois de instalada a CPI do Cachoeira. O PMDB, responsável pela
indicação de Jorge Zelada, considera não apenas a possibilidade de indicar o
sucessor como também outro nome na cúpula da Petrobras.
O partido está
insatisfeito com o fato de a presidente pretender vetar o texto do novo Código
Florestal aprovado na Câmara e cogita uma compensação por meio de mais espaço
na estatal. Para não causar mais atritos com o PMDB, o governo aceita conversar
sobre o substituto de José Zelada da área internacional. Mas a indicação terá
que ser técnica, disse uma fonte com trânsito no Palácio do Planalto.
O diretor de Serviços
e Engenharia, Renato Duque, já havia avisado que queria deixar o cargo. Sua
saída vinha sendo negociada desde o ano passado. Mas, a pedido do ex-presidente
da estatal José Sergio Gabrielli, concordou em ficar até o fim de 2012. A
presidente Dilma também teria pedido que o executivo ficasse, mas com a saída
dos demais diretores, Duque pediu para sair também.
Substituições nas mãos
do ministro Lobão
As substituições
estão sendo tratadas pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, que passou
o dia de ontem no Rio. Os nomes dos novos diretores são mantidos em sigilo, mas
tudo indica que serão adotadas soluções internas, com executivos da própria
Petrobras. Lobão preferiu não comentar as mudanças.
Um executivo em cargo
de diretoria da Petrobras recebe pelo menos R$ 1,12 milhão por ano. No ano
passado, a remuneração máxima chegava a R$ 1,6 milhão por ano, segundo
documento enviado pela estatal à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Costa afirmou à
Reuters ontem que estava deixando a estatal sem saber o motivo da saída. A
Petrobras informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não iria
comentar o assunto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário