domingo, 13 de setembro de 2009

Trabalho a Vista!!!

Rio recupera prestígio com novos investimentos


Além da sede da Petro-Sal, novo marco do petróleo concentra aqui maior parte dos 616 mil empregos. Impulso a outros setores permite ao estado ressurgir como centro econômico

POR LUCIENE BRAGA, RIO DE JANEIRO



Rio - O anúncio de que a nova estatal criada para administrar os negócios do pré-sal — a Petro-Sal — será instalada no Rio de Janeiro só reforça o prestígio do estado, que também sedia a Petrobras e subsidiárias, além da Agência Nacional do Petróleo (ANP). A Petrobras vai empregar 616 mil no Sudeste até 2014, sendo a maior parte no Rio. Estimativa coincide com o documento Decisão Rio 2010-2012, da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), que mostra que os investimentos no estado vão além do petróleo e deverão atingir R$ 126 bilhões nos próximos três anos e gerar pelo menos 300 mil empregos diretos e indiretos.



O Rio perdeu o status de capital do País para Brasília e o centro financeiro, para São Paulo, mas manteve a posição como principal estado produtor de petróleo, o que será reforçado com a operação do pré-sal, porque as linhas que demarcam áreas beneficiadas por royalties e participação especial (PE) privilegiam o estado. Assim, estuda-se instalar a principal base do pré-sal em Itaguaí, perto do novo porto e de frente para as reservas.







Para Cristiano Prado, gerente de Infraestrutura e Novos Investimentos da Firjan, o estado vive um de seus melhores momentos, porque têm pólos de desenvolvimento em diversos setores da economia. A autoestima dos empresários está elevada: em um mês, o centro empresarial da Firjan fez 15 apresentações para nacionais e estrangeiros, com uma missão internacional por semana.



“Esse montante de R$ 126 bilhões representa mais de 20% a 22% do investimento para o Brasil no período. Só o Complexo Petroquímico de Itaboraí receberá R$ 17 bilhões. A Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), em Santa Cruz, terá outros R$ 7,8 bilhões. E o complexo portuário do Açu, no norte do estado, reflete o desenvolvimento na capital e no interior”, avalia. Áreas que demandam profissionais são a construção civil, a indústria metal-mecânica e a do petróleo. “As pessoas precisam se preparar. Quem tem Ensino Básico tem que fazer o Médio, procurar um curso técnico, especializado, e melhorar suas chances”, diz Prado. O pré-sal vai gerar novas concentrações industriais em outros municípios, além de Macaé, como o entorno do Arco Metropolitano.



Leia também: As oportunidades do pré-sal



Negócios para o pré e o pós-sal



A produção de petróleo na Bacia de Campos atinge 84% da nacional, enquanto a de gás natural chega a 43%, trazendo para o Rio as benesses econômicas dos royalties e participação especial, além de impostos da atividade. As participações governamentais no Rio, unindo estado e município, chegaram a R$ 10,14 bilhões em 2008 — 46% mais que em 2007. Considerado o total de royalties distribuídos no Brasil (estados, municípios, fundo especial, Marinha e Ministério de Ciência e Tecnologia), o Rio ficou com 21%.



Em direção contrária à chamada maldição do petróleo, que atrofia a indústria ao redor, foi a Petrobras que ressuscitou o setor naval com grandes encomendas nos últimos anos, cumprindo exigência de conteúdo nacional mínimo, privilegiando fornecedores brasileiros. A descoberta do pré-sal também elevou a projeção de investimentos locais: segundo a Petrobras, 616 mil empregos serão gerados na Região Sudeste — e a maior parte ficará no Rio, seguindo tendência atual que concentra 30 mil dos 75 mil funcionários da estatal. O Plano de Negócios prevê grandes investimentos com o pré-sal, mas também reserva projetos para o pós-sal, com Roncador, Marlim, Marlim Sul, Marlim Leste, Papa-Terra, Atlanta e Pirapitanga.



Expansão da Reduc gera 6 mil vagas



A Refinaria Duque de Caxias, a Reduc, é a 4ª maior da Petrobras em termos de capacidade instalada. Pode processar 242 mil barris de petróleo diariamente e está passando por processo de modernização e ampliação que vai gerar 6 mil empregos. Hoje, a Reduc produz o suficiente para o Estado do Rio e ainda tem excedente para exportação.



O Rio também é sede de estudos tecnológicos, com o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello, o Cenpes, com investimento de R$ 2 bilhões por ano. Abriga a Universidade Petrobras, que treina cerca de mil pessoas por dia. Nesta semana, parceria entre a Petrobras e a multinacional Schlumberger promoveu a assinatura de acordo para a instalação, na UFRJ, de um centro de pesquisa internacional para tecnologias do pré-sal ao lado do Lab Oceano, da Coppe.



A indústria naval do Rio briga para manter o espaço que reconquistou com o apoio do petróleo. A primeira fase do Programa de Expansão da Frota de Petroleiros da Petrobras contratou 4 navios ao Estaleiro Mauá, em Niterói, gerando 8 mil empregos. Mais quatro estão no Eisa, no Rio, com 10 mil vagas. Na segunda fase, licitação para a construção de 22 navios tem 11 estaleiros do estado no páreo.



OUTRAS ÁREAS



TURISMO

No setor de turismo, somam R$ 500 milhões os investimentos para o período 2010-2012. Além dos empreendimentos da região da Costa do Sol, em especial em Cabo Frio, devem ser destacados os investimentos projetados na infraestrutura e saneamento básico em diversos cidades: Petrópolis, Niterói, Cabo Frio, Nova Friburgo e Região do Vale do Café, além da capital.



LOGÍSTICA

Modernização e recuperação do Aeroporto Internacional Tom Jobim e de rodovias de grande importância para o estado, a exemplo da duplicação da BR-101 norte.



ENERGIA

A construção de Angra 3 já tem as licenças ambientais e previsão de início das obras ainda neste ano. Há ainda a Usina Termelétrica do Açu, na retroárea do Porto, as pequenas centrais hidrelétricas em diversas regiões do estado e o primeiro parque eólico do País, em São Francisco de Itabapoana, no Norte.



Recorde em novos negócios



O Rio comemora números positivos. É recordista em registro de empresas: a Junta Comercial do Estado do Rio registrou, de janeiro a agosto de 2008, 22.113 novas. No mesmo período de 2009, foram 27.299 (23,4% de aumento). O estado já tem 8.761 empreendedores individuais, na nova modalidade recém-criada de formalização.

O Investe Rio, a agência de fomento oficial do estado, saltou de um orçamento minguado de R$ 8 milhões para R$ 170 milhões este ano, disponíveis para financiar novos negócios. No momento, há R$ 415 milhões na carteira da instituição, entre projetos sob avaliação e com recursos já liberados.



A Companhia de Desenvolvimento Industrial (Codin) analisa 74 pedidos de empresas interessadas em criar raízes por aqui. O presidente da instituição, Maurício Chacur, afirma que as operações do Investe Rio cresceram muito, a partir do trabalho que já vinha sendo feito desde 2006, mas, com a crise de crédito, o movimento aumentou.



“Temos muitos planos de expansão, alguns já em execução. Operamos no microcrédito no segundo piso (emprestando para empresas que emprestam aos empreendedores), mas vamos ao primeiro. Nosso foco são os pequenos, mas estamos em outros setores. Nossa carteira vai ser ampliada para efetuar repasses do BNDES aos municípios. Vamos promover também, em breve, concurso público para contratar 20 profissionais de Nível Superior. Precisamos de mais gente e estrutura. Temos, em média, de 3 a 4 reuniões diárias com empresas interessadas em financiamento. Às vezes, até utilizamos a minha sala”, descreve.



Entre os planos do governo do estado, está conceder microcrédito em pontos avançados nas comunidades em que tem realizado trabalhos de ocupação, para levar desenvolvimento. A nova presidente da Codin, Estela Almeida, que vem dos quadros do BNDES e de grandes empresas privadas, afirma que a briga para atrair os investidores começa muito antes, quando as missões do governo vão ao exterior.



“Disputam primeiro o investidor com a Ásia, com outros países da América do Sul. Por fim, quando conseguimos trazê-los para o Brasil, ainda temos que seduzi-los para fixá-los no Rio. Quais são os grandes pontos favoráveis? Os portos que temos e os em implantação. As três ferrovias e o arco metropolitano. O Rio está no centro de tudo. É plano. Conta muito”, explica Estela. Segundo ela, além do petróleo, setores de metalurgia, cosméticos, fármacos, logística, eletroeletrônico, têxtil e de energia dão o tom do equilíbrio de investimentos.



MUDANÇA



NOVOS CNPJs

A coordenadora do Rio Poupa Tempo e das Delegacias Avançadas da Jucerja, Conceição Ribeiro, afirma que a descentralização dos procedimentos da Junta é a razão do recorde de registros obtidos na instituição. A primeira unidade foi criada em Petrópolis, em julho de 2007. Em seguida, foram contempladas as cidades de Nova Iguaçu, Três Rios Volta Redonda, Barra Mansa e Cabo Frio, e o Rio Poupa Tempo de Bangu.



SERVIÇOS

Nas delegacias, é possível fazer registro e alteração de registro de empresas; emissão de certidão; inscrição estadual; CNPJ. O Rio Fácil recebe e dá entrada em todos os processos e orienta os futuros empresários, desde a escolha do nome até a legalização. “Antes, todos o processos vinham para a sede, na Avenida Rio Branco 10. Carimbavam, botavam número e mandavam para o Rio. E depois era reenviado. Nas delegacias, o julgador fica no local. Um funcionário do município é treinado pela Jucerja”, destaca Conceição.

http://odia.terra.com.br/portal/economia/html/2009/9/rio_recupera_prestigio_com_novos_investimentos_34768.html

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