Os EUA anunciaram
nesta quinta-feira (22) a suspensão de toda a importação de carne bovina
"in natura" do Brasil devido a preocupações sobre a qualidade do
produto.
A decisão foi uma
reação ao aumento dos problemas sanitários com o produto do país. Segundo o
Departamento de Agricultura americano, 11% de toda a carne bovina "in
natura" exportada pelo Brasil desde março foi barrada por
"preocupações com a saúde pública, condições sanitárias e problemas com a
saúde dos animais".
Essa taxa de
reprovação, ainda segundo o governo dos EUA, é muito maior do que a média
global: de 1%.
Desde março os EUA
passaram a fiscalizar 100% da carne brasileira, após a Operação Carne Fraca,
que investiga esquema de corrupção na fiscalização de frigoríficos.
Segundo a Folha
apurou, o governo brasileiro teria sido informado da decisão dos EUA nesta
quinta-feira.
"É um prejuízo
intangível e afeta principalmente a consolidação e a imagem do setor", diz
Antonio Camardelli, presidente da Abiec (reúne a indústria exportadora de
carne).
Esse tranco vem logo
após o segmento sofrer as consequências das operações da Polícia Federal e da delação
premiada dos donos da JBS.
Segundo Camardelli, a
carne "in natura" brasileira foi recusada devido a abscessos
provocados por reação de animais à vacina contra a aftosa. O gado brasileiro é
vacinado duas vezes por ano.
Porém, Emílio Salani,
vice-presidente do Sindan (que reúne as indústrias produtoras de vacina contra
a aftosa), diz que o abscesso "não é característica de nódulo
vacinal".
Além do produto que
já foi recusado pelos norte-americanos, o Brasil tem pelo menos 150 contêineres
no mar indo em direção aos EUA.
A suspensão
representa um baque, já que, após mais de uma década de negociações, as vendas
da carne "in natura" brasileira tinham sido liberadas pelos EUA em meados de 2016.
O mercado ainda
estava se consolidando. Os EUA foram o oitavo maior cliente da carne brasileira
de janeiro a maio, com 2,8% das compras em volume.
Segundo o governo
americano, a suspensão será mantida até que o Ministério da Agricultura do
Brasil "tome as ações corretivas que o Departamento de Agricultura
considerar satisfatórias".
No comunicado, os EUA
reconhecem que o governo brasileiro já começou a lidar com o problema ao
decidir suspender preventivamente a exportação para o país de cinco unidades:
três da Marfrig, uma da JBS e outra da Minerva.
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