quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

INVESTIGAÇÃO JÁ CUSTOU US$ 56 MI À PETROBRAS

O conselho de administração da Petrobras passou grande parte da reunião de sexta-feira ouvindo uma apresentação do Comitê Especial sobre as investigações internas feitas até o momento. Segundo uma fonte, a companhia já gastou US$ 56 milhões com o aparato criado para investigar funcionários envolvidos ou suspeitos de corrupção e já estão sendo feitas cobranças a respeito de resultados. A empresa tem entre 800 e 1000 funcionários que estão sob investigação dos escritórios contratados para essa finalidade. Também estão sendo investigadas 38 empresas que fizeram negócios com a Petrobras. O Comitê Especial foi constituído em dezembro de 2014 e é formado pela ex-ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Ellen Gracie Northfleet; o ex-chefe da área de governança da Siemens, Andreas Pohlmann; além do diretor de Governança da Petrobras, João Elek. O comitê é responsável pela comunicação entre a Petrobras e o escritório brasileiro Trench, Rossi e Watanabe e o americanos Gibson, Dunn & Crutcher, que estão coordenando as investigações. A iniciativa faz parte da estratégia da Petrobras de tentar provar para as autoridades americanas que foi "vítima" de funcionários corruptos que agiam sozinhos. Na sexta-feira, grande parte da reunião foi para atualizar o conselho sobre o atual estágio dessas investigações. A prisão do senador Delcício Amaral (PT-MS), ex-diretor de Gás e Energia da Petrobras, também foi discutida no encontro. Delcídio deixou o cargo para concorrer a uma vaga no Senado e fez afirmações que foram gravadas por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor internacional Nestor, e entregues à Justiça. O ex-diretor Cerveró fez ontem um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF). Na gravação Delcídio menciona o diretor de Abastecimento da Petrobras, Jorge Celestino Ramos, de forma vaga, dizendo que o diretor "já, já vai aparecer nas folhas". Não há continuidade no raciocínio. Édson Ribeiro, então advogado de Cerveró, e que também foi preso na semana passada, afirma em seguida que Celestino "é o gerente, mas tá com força total", apesar de o cargo ocupado hoje ser uma diretoria, e não uma gerência. Ribeiro ainda cita a diretora de exploração e produção, Solange Guedes, como sendo, junto com Celestino, "pessoas da Graça", em referência à ex-presidente da Petrobras Graça Foster. Na gravação, o advogado também mostra interesse na nomeação do responsável pela gerência de Tecnologia da Informação (TI) da Petrobras. Delcídio complementa dizendo que a área não é parte da "atividade fim" da Petrobras, é uma atividade "meio" em que "ninguém enche o saco" e o orçamento é de R$ 1 bilhão. A fonte do conselho disse que essa parte da gravação não foi discutida especificamente na sexta-feira porque os diretores participaram da reunião. Mas segundo a fonte, investigar o diretor de Abastecimento passou a ser uma obrigação a partir do momento em que a gravação se tornou pública. "O Comitê Especial precisa investigar agora, à luz das novas informações. A partir de agora, não é só um critério legal. É preciso intensificar ações para chegar a até algumas pessoas que ainda estão na companhia por um certo legalismo", disse uma fonte qualificada com o compromisso de não ter seu nome divulgado. Na avaliação dessa fonte, muitas pessoas envolvidas no esquema de corrupção ainda mantém seus empregos na estatal, e defende que sejam demitidos. Questionada pelo Valor sobre a existência ou não de uma investigação interna sobre a conduta do diretor de Abastecimento, Jorge Celestino Ramos, a Petrobras respondeu que tanto as investigações conduzidas pela empresa como pelos escritórios independentes e pelas autoridades policiais "não citaram nenhum dos membros da diretoria atual da empresa". Não foram discutidos na reunião do conselho a venda de ativos da Petrobras ou qualquer processo envolvendo uma capitalização da companhia. Segundo o conselho, uma capitalização por meio de um instrumento híbrido de capital e dívida, como divulgado alguns dias atrás, não é algo que seja discutido na esfera dos conselheiros. Na avaliação dessa fonte, o tema exige uma série de pré-condições e que é muito cedo para abordar o assunto. Fonte: Valor Econômico/Cláudia Schüffner | Do Rio

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