Depois da venda de metade de sua participação na MPX Energia para o grupo alemão E.ON por R$ 1,5 bilhão, o empresário Eike Batista poderá concentrar seu foco em soluções para OGX, a empresa de petróleo que serviu de âncora para a criação de algumas de suas companhias abertas. Há quem garanta que o empresário não manterá por muito tempo os 23,7% de ações na MPX.
A petroleira enfrenta problemas na extração de óleo e até março de 2014 os minoritários poderão exercer o direito de exigir que o empresário aporte US$ 1 bilhão. A OGX fechou 2012 com R$ 3,38 bilhões (equivalentes a US$ 1,7 bilhão) em caixa e prevê investir US$ 1,3 bilhão em 2013.
Uma fatia da companhia já foi oferecida ao mercado e chamou a atenção da estatal Petronas, da Malásia, que também analisou a HRT e a Barra. Segundo fontes ouvidas pelo Valor com o compromisso de não serem reveladas, Batista está perto de anunciar um acordo. O mais provável é a venda de participação em um dos campos já declarados comerciais.
O que parece trazer mais garantias de produção é o Tubarão Martelo, na Bacia de Campos, que tem reservatório de arenito, geologia menos complicada do que a do seu vizinho, Tubarão Azul, cujo reservatório é de carbonato.
Foi a necessidade de aportes para erguer suas empresas que levaram Eike Batista a obter empréstimos para sua holding, a EBX, uma empresa fechada. Como garantia, foram dadas ações das cinco empresas que ele criou. Mas os projetos não se desenvolveram como o previsto. Enfrentam atrasos ou estão longe da conclusão, e as empresas não tem receitas suficientes. Isso levou as ações a uma desvalorização recorde e os bancos teriam ficado nervosos com a perda de valor das companhia em bolsa.
Atualmente, estima-se que a dívida da EBX com grandes bancos brasileiros seja de R$ 11,9 bilhões, segundo informam fontes. Além da dívida própria, a EBX consolida a de todas as controladas por ela, que passam a ser quatro com a entrada da E.ON na empresa de energia. Juntas, a MMX (mineração), LLX (logística), OSX (estaleiro) e OGX (óleo e gás) têm dívida bruta de R$ 18,78 bilhões. Descontados os R$ 6,036 bilhões que elas tinham em caixa até dezembro, a dívida líquida soma R$ 12,7 bilhões.
A empresa mais endividada é a OGX, com valor líquido de R$ 4,66 bilhões. A petroleira, que teve suas ações lançadas em junho de 2008, perdeu R$ 28 bilhões desde então em valor de mercado e hoje enfrenta as consequências de decisões tomadas alguns anos atrás, quando seus administradores receberam carta branca para iniciar um ambicioso programa exploratório e, depois, acelerar o início da produção de petróleo. A produção média de petróleo em março foi de 11,3 mil barris por dia.
A OGX foi fundamental para a decisão de Batista de construir a OSX. A empresa foi listada em bolsa em 2010 tendo como garantia encomendas de 48 embarcações - incluindo 19 plataformas tipo FPSO, além de plataformas fixas WHP - para a "irmã" petroleira. As encomendas seriam garantidas, teoricamente, à medida que a OGX colocasse de pé seu plano de chegar a 2019 produzindo 1,38 milhões de barris de petróleo. Ninguém mais espera volumes dessa ordem sequer na próxima década.
A interdependência das duas companhias vem arrastando o estaleiro. As ações caíram 85% e desde a oferta pública inicial e os minoritários ainda têm direito de exigir um aporte de US$ 500 milhões de Batista. Recentemente fracassou a recente tentativa da OSX de captar US$ 265 milhões para construir a OSX-3, uma das três plataformas que vai alugar para a OGX e cujo contrato já foi assinado. Ainda não há certeza sobre a encomenda de mais duas unidades.
Fonte: Portos & Navios (Noticiário cotidiano - Indústria naval e Offshore)