Com o início da produção submarina, os biofilmes, que também podem ser formados pela aglutinação das próprias bactérias, começam a se fixar em plásticos e metais. Essas estruturas de tamanhos micrométricos se acumulam e atingem espessuras de até 4 milímetros (mm). “O problema é que esses biofilmes prejudicam a exploração petrolífera porque eles grudam no interior das tubulações e corroem os dutos que são equipamentos de difícil limpeza”, diz a professora Anita Marsaioli, do Instituto de Química (IQ) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que participa de vários projetos em conjunto com a Petrobras na identificação e estudo dessas bactérias e das enzimas que elas produzem.
Na degradação, uma parte do petróleo com grande valor comercial é destruída parcial ou totalmente, reduzindo assim o seu valor comercial. “As bactérias transformam os hidrocarbonetos em ácidos graxos tornando o óleo mais pesado e com qualidade inferior”, diz Anita. O melhor conhecimento dessa população de bactérias e das condições que lhes são favoráveis vai contribuir para a elaboração de estratégias para a empresa reduzir o risco na exploração e agir de forma a detectar e antecipar os problemas na produção. Existe também um imenso potencial para o uso futuro de alguns desses microrganismos para limpar, por meio de técnicas de biotecnologia, o petróleo derramado de oleodutos, plataformas e navios de transporte. “Sabemos da existência de bactérias, por exemplo, que produzem biossurfactantes com dupla função, para inibir o crescimento de outras espécies de bactérias, o que é bom, e ao mesmo tempo dissolver o petróleo.” Os biossurfactantes são moléculas produzidas pelas bactérias que reduzem a tensão superficial da área fronteiriça entre água e óleo nos reservatórios facilitando a mistura desses líquidos e a posterior degradação do petróleo.
Marcos de Oliveira - Maio 2009
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